Mais uma investigação dentro do Samae de Blumenau

Um funcionário de carreira do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto de Blumenau (Samae) denunciou a autarquia no Ministério Público de Santa Catarina por conta de um contrato de compra de areia, que supostamente teria-se pago mais caro do que outros setores da administração municipal.

A investigação está sendo comandada pelo delegado Bruno Effori, da Delegacia de Polícia especializada no Combate à Corrupção, de Blumenau, que vai analisar o contrato. Segundo a denúncia do funcionário, esse contrato, que valeu de dezembro de 2021 até dezembro de 2022, teria sido feito para a compra de areia medida por tonelada e não por metro cúbico (m3), como era anteriormente.

Isso teria encarecido a compras e a suspeita é que os valores pagos pelo Samae seriam 12% superiores aos que foram pagos pela Vila Germânica, Secretaria de Trânsito e Transportes e Secretaria de Esportes, que continuaram pagando o produto por m3.

O denunciante apontou também, inclusive com fotos, que a maioria da pesagem dessa areia eram feitas sempre em dias com chuva, pois a areia molhada é mais pesada e o valor também aumentaria.

O promotor Gustavo Meireles Ruiz Diaz, do Ministério Público de Blumenau, escreveu na denúncia que “Considerando-se que 1 m³ de areia equivale em média a 1,7 toneladas do material, conforme índice de conversão de unidades elaborado pela Cooperativa de Pesquisas Tecnológicas e Industriais (CPTI), verifica-se que o valor cotado para o mesmo material, em tonelada, encontra-se, aproximadamente, 12% mais caro que o valor cotado em metro cúbico. Neste contexto, e diante da notícia de que a pesagem de areia é realizada em dias de chuva, constituindo indícios da prática do crime, ao menos em tese, necessária a remessa à 4ª DECOR, para instauração do competente inquérito policial”.

O Samae de Blumenau ainda não havia sido notificado e só vai comentar o assunto quando tiver conhecimento dessa denúncia.

CASO GUTO REINERT

Em dezembro de 2020 o Samae de Blumenau também sofreu uma investigação por parte da Polícia Civil e Ministério Público de Blumenau, pois o ex-diretor de Operações da autarquia, José Augusto Reinert, virou o eixo central de um suposto esquema de pagamentos de horas extras e sobreavisos.

Segundo as investigações, Guto Reinert autorizava o pagamento dessas horas extras e sobreavisos sem que eles tivessem sido feitos e depois se apropriava de parte do valor para investir na sua campanha a vereador nas eleições daquele ano, disputado pelo partido Podemos.

Segundo o que disse o delegado Lucas Almeida na época, “Percebemos que houve uma evolução nos pagamentos no ano da pandemia, de pagamentos de horas extras e da verba de sobreaviso, sendo que na verdade teria que ter ocorrido o contrário, uma redução, porque parte dos servidores não estaria presencialmente trabalhando”.

Nesse processo é investigado, inclusive compra de votos, pois a Polícia conseguiu um celular onde mostrava um vídeo de uma pessoa votando primeiro em Guto Reinert e depois no prefeito Mário Hildebrandt (Podemos). Não há indícios de que a compra dos votos seria para os dois candidatos, pois Hildebrandt não é citado em nenhuma parte do inquérito.

Cerca de 200 mil reais foram encontrados na casa do ex-Diretor do Samae e essa verba, segundo a Polícia, era decorrente deste suposto esquema. No dia 31 de março de 2021, o delegado tinha concluído o inquérito e indiciou Augusto Reinert pelo crime de peculato, que é a subtração ou desvio, por abuso de confiança, de dinheiro público, e por indícios de crime eleitoral

A investigação acabou sendo encaminhada para o Ministério Público Eleitoral. O processo civil corre em segredo de Justiça e desde então não houve novas movimentações. Nem mesmo a investigação interna do Samae e da Prefeitura de Blumenau tiveram uma conclusão.

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