Tudo começou com um problema pessoal entre os vereadores Carlos Wagner Alemão (UB) e Aílton Ito de Souza (PL). As diferenças entre eles não foram resolvidas e ambos usaram o regimento interno da Câmara Municipal de Blumenau para tentar desestabilizar o oponente.
O vereador Aílton de Souza Ito (PL) descobriu que o chefe de gabinete de Alemão, por 62 vezes, teve seu cartão ponto abonado pelo vereador porque ele supostamente dava aulas durante o expediente da Câmara e não cumpriu o horário integral de 8 horas diárias.
Ito fez a denúncia no Ministério Público, caso que ainda está sendo investigado, e também no Conselho de Ética da casa. Já Alemão denunciou Ito no mesmo conselho por ter conseguido documentos do processo de forma indevida, segundo o vereador, e divulgado o seu conteúdo.
Mesmo ambos tendo sido acusados de quebra do decoro parlamentar, o parecer final do Conselho de Ética conseguiu apenas dar uma “Censura Verbal”, pois o famigerado Regimento Interno não prevê punição mais severa em casos como este. É como aquela fala de uma mãe para o filho dizendo que na próxima vai colocar os dois de castigo no milho virados para a parede.
Obviamente que Aílton de Souza não gostou do desfecho e reclamou na tribuna da Câmara na sessão de quinta-feira, 15. O problema é que, na sua fala, acabou passando do ponto, pois disse que “espero que a próxima mesa tenha consciência, na hora de indicar membros para a Comissão de Ética, não pegar qualquer um lá, a eu não quero, tu vais, eu não quero, tu vais; bote gente responsáveis”.
Na votação do plenário daquele mesmo dia, os três processos referente a briga dos vereadores acabaram arquivados e é mais uma pérola da Câmara de Vereadores de Blumenau que vai acabar mofando num armário de um depósito e caindo no esquecimento por não ter dado em nada, mais uma vez.
O presidente do Conselho de Ética, vereador Adriano Pereira (PT), e a corregedora, vereadora Cristiane Loureiro (Podemos), não gostaram da fala de Ito e explicaram o porque de tudo isso, deixando claro que a Câmara tem um regimento interno que só vai punir um vereador em casos extremos e muito fora da curva, mas que ainda assim dá a possibilidade de ele renunciar, se achar que vai ser cassado, saindo ileso para disputar um próxima eleição.
O FAZ DE CONTA CUSTA CARO
O problema não é só o tal do regimento, mas o quanto se perde de tempo e dinheiro para fazer de conta que se investiga e pior, fazer de conta que se pune qualquer deslize de um vereador.
Obviamente que isso não é exclusividade de Blumenau, mas como moramos aqui, é com a Câmara daqui que nós temos que nos preocupar, pois é com o dinheiro daqui que a gente mantém tudo aquilo que está lá.
Tá mais do que na hora de fazer uma revisão completa nesse Regimento Interno sob pena de, no futuro, termos uma legislatura clientelista e muita gente fazer o que não deve e ter seus “crimes” jogados para baixo de um dos tapetes da Câmara de Blumenau.
Se os atuais vereadores não tiverem medo de futuras punições, no próximo biênio veremos ações para que se mude tudo o que está escrito lá. Se nada acontecer, teremos mais do mesmo das últimas legislaturas.
Veja o vídeo do vereador Adriano Pereira (PT):
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