Participando de um pedaço da história da Argentina neste dia 24

Vim para a Argentina no último dia 17 e tinha a volta programada para o dia 24 de janeiro, mas por conta de uma greve geral no país, as companhias aéreas brasileiras cancelaram o meu e o voo de muitos brasileiros que se obrigaram a procurar novas hospedagens para passar mais um dia por aqui.

Assim como no início da década de 90 no Brasil, percebe-se que a Argentina precisa mesmo de uma mudança drástica para melhorar a vida dos argentinos, pois em 2023 a inflação de lá bateu na casa de 211%, passando inclusive a da Venezuela.

O presidente Javier Milei está tentando implantar uma reforma que está sendo combatida pela Confederação Geral de Trabalhadores (CGT), Confederação Sindical de Trabalhadores das Américas (CTA autônoma) e pela Central de Trabalhadores e Trabalhadoras da Argentina (CTA dos Trabalhadores), que desde a madrugada desta quarta-feira, 24, já se organizavam pela região central de Buenos Aires.

Independente do que aconteça, o que se vê na região central da capital da Argentina é um povo empobrecido, muita gente dormindo nas calçadas, muitos jovens em subempregos, prédios históricos mal cuidados e com obras paralisadas uma desvalorização monetária diária.

Comprei de manhã uma garrafa de 6,2 litros de água pelo preço de 740 pesos, mas a tarde já tinha sido remarcada para 820 pesos, com um aumento de 10,9% num único dia.

As casas de cambio abriram contas em cooperativas financeiras de Santa Catarina para poderem trocar real por pesos através de Pix e, muito provavelmente, escaparem de uma inflação descontrolada.

Na Argentina há vinhos baratos, mas as roupas estão muito caras, chegando a algumas peças, como cuecas por exemplo, a terem preços três vezes maiores do que as do Brasil.

A criminalidade se concentra nos bairros, pois no centro de Buenos Aires há muitas câmeras e muita polícia, pois na capital há a polícia da cidade, do estado e a polícia federal. Na cidade temos duas Buenos Aires, a dos ricos, em bairros como o da Recoleta e Paçermo, e a dos pobres que se espalham pelo resto da idade.

O problema econômico se acentuou a partir da pandemia, quando o presidente Alberto Fernández usou a emissão de moeda para tentar controlar a inflação, mas como o governo gastou muito mais do que arrecadou, a coisa desandou e 2023 foi o pior ano para os hermanos.

A manifestação dessa quarta-feira é numerosa, mas sem muitos conflitos e não está atrapalhando muito a vida do morador de Buenos Aires, pelo menos até as 19 horas, que é quando todo o transporte público irá parar.

Na quinta-feira, 25, o Congresso Argentino vai votar as propostas do presidente Javier Milei. Essa proposta de reforma é um megaprojeto de lei intitulado “Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos”, chamada popularmente de Lei Ônibus por conta do seu tamanho e abrangência. Se aprovada, será enviada para o Senado para novamente passar pelo crivo dos parlamentares.

Entre as os 523 pontos da reforma, o Governo da Argentina quer poderes excepcionais por dois anos, quer privatização completa ou parcial de 40 estatais, quer vender aeronaves que ficam a disposição do governo central, quer acabar com alguns subsídios e pretende desligar cerca de 25 mil funcionários públicos.

A ministra da Segurança Patrícia Bullrich, que foi candidata a presidente em 2023 e acabou em segundo lugar, prometeu linha dura contra o crime organizado e os protestos nas ruas, como o que acontece nessa quarta-feira.

Enfim, a Argentina parece iniciar uma nova tentativa de melhorar o país como um todo, mas há que se esperar se tudo isso realmente passará pelos deputados e senadores e se nos próximos dois toda essa reforma realmente melhorará a vida dos argentinos.

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